terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A curta história de Sandrinho (2ª parte)


Meu bebê foi então encaminhado para Curitiba onde sería submetido a uma cirurgía, (como expliquei na 2ªparte).
Meu estado de saúde não era dos melhores, então meu médico não me deu alta para acompanhar meu bebê.
Antes de partir ele foi batizado , eu ja havia convidado os padrinhos, e eles se prontificaram de levar o Sandrinho para Curitiba,ficariam com ele até minha recuperação.
Mais dois dias apenas e , implorei que me dessem alta porque queria cuidar eu mesma de meu menino.
Meu médico muito contrariado, me deu alta mas com uma série de recomendações.
Assim que saí do hospital de Mafra; do qual tenho ótimas lembranças, pelo carinho e bom atendimento todas as vezes que fiquei hospitalizada ....(foram muitas).
Como eu estava dizendo......assim que saí ,esqueci completamente de minha saúde , meu pensamento era apenas no Sandrinho.
Interessante que para mim , naquele momento, só ele existía, só ele precisava de minha atenção e de meus cuidados.
Fui em casa, pegar algumas roupas ,me despedir das meninas e viajamos para Curitiba.
Quando chegamos, meu filho estava internado num hospital infantil "Pequeno Principe"porque diziam ser o melhor ,mas não haviam ainda providenciado nada.
Pedi então que me recomendassem outro e o fizeram.
Meus compadres (não os vejo faz muitos anos) estavam exautos, mas mesmo assim ,nos acompanharam até o outro hospital. Quando chegamos ,fomos atendidos imediatamente.
Levaram o Sandrinho para dentro dizendo que não podia entrar acompanhante ... e nos deixaram esperando na emergência por mais de tres horas .
Pedi para falar com o Diretor e finalmente permitiram que eu ficasse mas teria que esperar até o dia seguinte para desocupar um quarto. Sugeri a meu marido e compadres que voltassem para casa que eu ficaria esperando até o dia seguinte. Passei uma noite não muito agradável mas estava feliz por poder ficar.
As nove horas da manhã seguinte , me convidaram para entrar. O Sandrinho ja me esperava no quarto , as enfermeiras haviam colocado nele um tip-top amarelinho que eu havia levado e estava até de chuquinha esperando a mamãe.
Foi uma emoção muito grande , pois pela primeira vez peguei meu menino no colo.
As enfermeiras sairam devagarinho e nos deixaram abraçadinhos, pois elas com sua experiência sabiam o que viría pela frente. >>>continua



Para carregar meu filho nos braços, precisava por em cima de um travesseiro porque a cabecinha era do mesmo tamanho do corpinho,esta era a melhor maneira de segura-lo.
Passadas algumas horas, as enfermeiras voltaram, trazendo almoço para mim...(desde a manhã anterior que eu não comia) e a mamadeira para ele. Enquanto faziamos nossa refeição foram buscar uma caminha e cobertores , fazia muito frio . Durante a tarde , ficamos juntinhos e eu descancei bastante. Na verdade não podia agitar muito por causa da minha cirurgía. Meus seios estavam enormes de tanto leite, tentamos várias vezes fazer o Sandrinho mamar ,mas ele só dava risadas e só queria brincar, parecia uma criança de quatro meses.
A solução então era tirar o leite ,que sería usado no berçario para outras . As cinco horas da tarde o médico entrou no quarto para nos conhecer e avisar que a primeira cirurgía estava marcada para as sete da manhã do dia seguinte.> Sobre a cirurgía ja expliquei na 2ª parte.<
Acordei com o movimento das enfermeiras levando o Sandrinho para a sala de cirurgía.
Falaram para que eu continuasse deitada ,pois a cirurgia levaria mais de duas horas ( demorou 5 hs) ,depois o Bebê iría para a recuperação e provavelmente viria a noite.
Imaginem se eu conseguiría ficar deitada!!!.A ala em que estavamos era " Ala dos pacientes finais". Eu não sabia exatamente o que significava ,"pacientes finais", mas descobri assim que abri a porta, no quarto da frente estava um movimento grande e muita conversa, uma das enfermeiras segurava pelos pés (igual açougueiro pega um pernil) uma criança de mais ou menos tres a quatro anos e dizia
--Olha que menino lindo,parece um porquinho gordo e parecia tão saudável, de que será que morreu? .
Me pareceu que ela não sentia absolutamente nada--- nenhum respeito pela criânça nem pela dor das pessoas que o amavam...foi uma cena deprimente. Fiquei pensando depois,--pacientes finais--são as pessoas com pouca chance de sobreviver! porque nos colocaram ali? .Mais tarde questionei sobre isto e me responderam --porque não havia vagas para que eu pudesse ficar junto. Assim me senti melhor , e fui visitar cada um dos pacientes internados.
Havia uma capela próxima a nossa ala que se tornou meu refúgio por tres longos meses.
As cinco horas da tarde o Sandrinho voltou....Sua cabecinha havia diminuido dois cm e todos estavam alegres por isto, principalmente eu. Era feito um acompanhamento diário do volume...mas minha alegria durou apenas cinco dias...voltou a crescer novamente. Outra cirurgía----mais outra---e mais outra, sem solução.
Veio então um especialista da Alemanha para fazer a quinta cirurgia, todos estavam cheios de esperânça. O Sandrinho ja estava conhecido...por seu sorrisinho alegre sempre que recebia uma visita. Para passar o tempo eu comprei uma tela para bordar,"A caçada real" , todos que chegavam queriam bordar um pouquinho e assim foram deixando uma lembrancinha...Faltavam poucos dias para a quinta e última cirurgía ,recebi um telefonema , o enfermeiro chegou apavorado, dizendo que o delegado de Mafra falou para eu ir urgente para lá e que não falou o porque. Mil coisas passaram em meu pensamento, e a que mais persistia era de um acidente de carro . Muito nervosa , não podia deixar meu filho sosinho, pedi ao diretor para telefonar para uma de minhas irmãs que morava em Florianópolis. Expliquei-lhe a situação e ela prontamente atendeu meu pedido. Eram quatro da tarde , pegaria o ônibos das cinco e em cinco horas chegaría (dez horas da noite)e que eu fosse tranquila ver o que estava acontecendo. O meu ônibos sairia as sete , mas uma enfermeira ficou com o Sandrinho até minha irmã chegar. A viagem foi muito angustiante, eu imaginava muitas coisas ruins. Cheguei as nove horas ( ainda sem saber o que estava acontecendo ) fui direto para casa, "implorei" a Deus para que meus pensamentos estivessem mal direcionados; a mocinha (que ajudava nos trabalhos domésticos, abriu a porta ,com uma carinha de quem estava febril, mas com meio sorrisinho nos lábios, fui direto para meu quarto e encontrei meu ex. na cama e minhas filhas a seu lado ..GRAÇAS A DEUS- falei- e comecei a dar risadas feliz. Todos ficaram arregalados olhando para mim e muito decepcionados comigo por estar rindo deles (tadinhos..estavam doentinhos e a Mãe dando risadas!!!) é que eu estava muito feliz por saber que tudo não passou de um susto. Estavam com gripe ; até minha mocinha. Preparei uma canja de galinha e todos comeram muito bem..depois fomos todos dormir.
No dia seguinte ,levantei cedo fui comprar remedios e pedir ao farmacêutico que viesse olhar minha familia todos os dias;fui em busca de uma senhora que fazia faxina para mim,combinamos que viria todos os dias até que todos melhorassem. Tudo resolvido .Nisto bateram na porta..era uma moça muito bonita, pediu para falar comigo. Disse-lhe que estava com pouquinho de pressa mas ela retrucou dizendo que sabia de meus problemas e queria ajudar. Vejam vcs ....!!!! Ela veio se oferecer para abrir e tocar minha boutique, que estava fechada , falei que não podia assumir compromisso , meus gastos ja estavam sendo grandes e que não tinha condições de pagar para que atendesse a loja. Para minha surpresa disse-me ela --não quero ser paga pelo que pretendo fazer, quero fazer isto pelo carinho que temos pela Sra. e me contou que era filha de amigos meus. Combinamos o que ela poderia fazer e eu deixei a chave e parte de meu coração com ela, até os dias de hoje.>> Continua

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